Versão sem cortes

Vivemos a erada insatisfação. E isso parece pesar mais para nós, mulheres. Não adianta ser magra, tem quer estar sarada. Não basta ter o emprego que ama, tem que ser promovida todo ano. E o mais feliz dos casamentos pode ser colocado em dúvida se não tiver a dose certa de surpresas e realizações - e sexo bom, claro. Com tantas cobranças, é quase impossível encontrar alguém 100% feliz. Aí você conhece Flávia Alessandra. Numa época em que todo mundo vive ligado no 220, ela é do tipo que fala sem alterar o tom de voz, sempre calmo. "Acredito que menos é mais. Tem muita informação no mundo, quero acrescentar só as boas", diz. Linda, apaixonada pelo marido ( o ator Otaviano Costa )e com um corpo que em ada indica uma mulher de 37 anos e duas filhas. Flávia está driblando a ansiedade do dia a dia. Claro que ainda cai em alguns perigos modernos. "Faço com a mesma dedicação a cena da minha vida e o encontro das amigas da minha filha. Preciso aprender a dosar."  Lendo minha conversa com a Flávia, você vai perceber que a atriz está bem perto disso.

QUANDO O AMOR ACONTECE
Flávia me falava do que gosta em um homem ("Sexy é ser cavalheiro, seja em que século for!") quando o celular toca. Era Otaviano. "Olha um exemplo desse tipo de homem ligando!", disse. A atriz atende o telefone: "Oi,love!" Os dois resolvem alguns assuntos de casa - " Que horas nos encontramos hoje à noite ?" - e voltamos para nossa conversa.


Você casou pela primeira vez aos 17 anos, com o direto global Marcos Paulo. E agora está há seis com o Otaviano. Qual a diferença de ser casada pela segunda vez?
Você já fez o vestibular, agora está pronta para entrar na faculdade. Sabe o que quer, o que não quer, o que incomoda... Por outro lado, aprendeu que conviver com uma pessoa implica ceder e abrir mão também.
Vocês começaram a namorar e em cinco meses casaram. Bem rápido, né?
Você acha? Eu acho que ele me enrolou...
[Risos.]Por quê? Você casaria antes?
É.. O Otaviano queria que ficássemos noivos. Mais falei: não tenho saco de ficar noiva. Ou casa ou namora. Aí casamos.
O que fez você se apaixonar pelo Otaviano?
Somos muito parecidos no humor, timing, temperamento... A gente combina em tudo - por isso fica mais gostoso e mais natural. Curtimos as mesmas bandas, as mesmas pessoas e fazemos as mesmas piadinhas, nas mesmas horas. É até ridículo [risos]
É verdade que namoravam outras pessoas, mas quando se conheceram bateu na hora?
Não foi assim amor à primeira vista. Nós dois éramos elementos-surpresa em um cruzeiro. Devíamos ficar escondidos durante toda a viagem e aparecer só no fim. Era meio inevitável que convivêssemos muito. Na época, estava comprometida e já fui com o pé atrás: "Se for um daqueles apresentadores estrelinhas, tô fora! Ele faz viagem dele, eu faço a minha e a gente se vê no final". Mas nos demos muito bem. Tanto que, quando a viagem acabou, ficou aquele vazio. Percebi que não dava mais para ficar com a pessoa com quem estava e terminei. Logo depois ele me ligou dizendo que tinha uma reunião no Rio e me convidou para jantar. Só depois de casados é que ele me contou que essa tal reunião nunca existiu! [Risos.]
Sexo é fundamental na parceria de vocês?
Para nós, sexo tem grande importância. Mas tem relacionamento em que o que conta mais é o companheirismo. É diferente de casal para casal, vale o que se estipula.
E para fidelidade tem regra?
Mesmo depois de muitos anos de casados, não deve ser fácil. Mais é esse esforço, dos dois lados, de um casal resistindo às tentações da vida, que faz a diferença. Senão, você acaba desvalorizando a relação e ela se torna banal.


ETERNAMENTE JOVEM
A atriz chegou ao estúdio de jeans skinny, blusa com estampa de oncinha e o sorriso fácil que a deixa ainda mais linda. Antes das fotos, almoçamos e Flávia trouxe à mesa um presente para a nossa  equipe - uma caixa de doces caseiros. Vendo o corpo da atriz, foi inevitável ficar chocada quando ela repetiu a sobremesa! Mas é na hora em que Flávia começa a provar as roupas para as fotos que fico mesmo surpresa: ela pertence àquele grupo seleto de mulheres que não têm celulite! Daria até para sentir raiva, não fosse todo o esforço que ela faz para manter a forma.


37 ano é quase40?
O que é isso! Para! [Risos.]
Casar aos 17 com um cara 14 anos mais velho ajudou você a amadurecer mais rápido?
Na verdade, não me sentia muito nova que ele, não, porque já era uma senhora madura aos 17! [Risos.] Já trabalhava como atriz, mais fazia faculdade de direito e até pensava em virar advogada. E era mulher de diretor, que virou diretor de núcleo, depois diretor geral... Tentava corresponder à visão que tinham de mim. Estou me permitindo ficar mais nova agora! Deixei de me cobrar tanto.
Com quantos anos você se sente hoje?
Ah, com uns 19 e bem resolvida! [Risos,] Sempre pronta pra começar de novo.
Você já disse que será muito criteriosa na hora de fazer plástica. Qual é esse critério?
Sabe o que é? Prefiro ficar dois meses controladíssima para voltar ao meu peso ideal a encarar uma cirurgia. Quando a Giulia nasceu, depois de três meses estava vivendo uma protagonista de novela [ Porto dos Milagres] na Bahia. Filmando de biquíni, linda e tranquila! Na segunda gravidez é mais difícil. Sem contar que estava dez anos mais velha. Logo que a Olívia nasceu, deu aquele desespero! Cadê minha barriga de antes? Para muita gente, o normal seria fazer uma lipo. Eu me esforcei. Demorou um tempo, minha musculatura estava mais flácida, mais voltou! Claro que vou fazer plástica um dia. Mais vai ser quando eu realmente não puder evitar uma cirurgia.
Com o que você gasta seu dinheiro?
Me permito alguns prazeres. Tipo ir ao show de Britney Spears coma Giulia e convidar alguns amigos. Para sapatos e roupas, sou bem tranquila. Ah! Gosto de viajar! Meus grandes investimentos ficam para as férias da família, que duram de 30 até 40 dias!
Você sente falta de algo da vida de solteira?
Nunca passei muito tempo solteira. Adoro namorar. Mais também sempre fui uma pessoa independente, que gosta de viajar, de estar com a família. Os meus parceiros também tinham essas qualidades. Por isso, não sinto falta de ser solteira. Quando quero, ainda tenho meus momentos, de reunir as amigas, só mulheres, e falar mal dos homens.
Quem são essas suas amigas?
Elas são do colégio e da faculdade. Somos quase um grupinho de terapia, em que uma palpita na vida da outra. Talvez por isso nenhuma de nós fez análise de verdade! [Risos.]
Qual é a sua maior qualidade?
Meu bom humor, sem dúvida!
Mais você consegue rir quando se atrasa, perde o voo, a mala extravia...
Claro! Rir quando está tudo bem é fácil! Nas hora difíceis é que faz toda a diferença!






Fonte: revista "NOVA", edição nº461 , 2 Fevereiro 2012.

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